TRIBOS: Qual a sua?

Ontem eu fui com uma amiga, a Marina ( é essa mesma que bloga aqui também!),a Galeria do Rock no Centro de São Paulo. Lugar esse onde passei minha adolescência, perambulando por suas lojas, conversando com amigos, e naquela época, meu sonho era casar com um roqueiro cabeludo que soubesse tocar guitarra e bebesse vinho. Ah, e que amasse rock, heavy metal, tivesse alguns piercengs e tatuagens.
Fazia uns 2 anos que eu não aparecia por lá, depois que entrei na faculdade não tinha mais tempo para me encontrar com minhas amigas nos sábados a tarde.
CARALHO!!!!! Foi o que me veio na cabeça na hora que coloquei meus pés naquele chão, até o momento em que saí de lá, chocada, impressionada, parecendo que estava vendo um filme onde eu era uma alienígena.
Umas garotinhas de 15, 16 anos virando garrafas de vinho no gargalo, meninos cheirando cola, todo mundo de preto, com maquiagens pesadas em um puta calor ( detalhe, eu estava de rosa) e mais outras cenas que não me recordo agora, pois foi muita informação para minha mente limitada processar de uma só vez.
Pensei: “Como pude fazer parte dessa tribo e freqüentar esse lugar?” . “Será que em 4 ou 5 anos eu mudei tanto assim?”
Porra, ainda curto piercengs, rock, tatoo, mas com moderação, claro não sou uma alienada que vive para isso.
Hoje eu sou mais tolerante com outros estilos de música e meu sonho não é mais namorar um cabeludo. Não quero ter o mesmo fim de Kurt Cobain que tanto admiro e sinto pena ao mesmo tempo.
A galera acha que parta curtir rock, tem que andar de preto, beber, cheirar como se isso lhes fizesse tocar ou viver melhor. Eles querem agredir, chocar mesmo saca?
Fiquei feliz por ter mudado meus conceitos e meus heróis, pois se antes para mim Kurt era um herói, hoje meu herói é Nietzsche; e mesmo assim tenho um pé atrás pois o cara era meio louco.
Vamos parar de querer chocar, agredir e vamos começar a agir como pessoas lúcidas e racionais pelo nosso bem, e que os futuros ícones sejam exemplos de ideal e não um covarde que tirou a própria vida e largou a filha e fãs pelo mundo.
Senti pena daquelas pessoas, com mente limitada, acabando com suas vidas, e se sentindo superiores por fazerem parte de uma tribo.
Minha tribo sou eu mesma, minhas roupas eu escolho, no meu som toca rock, pop, techno, música antiga, eu determino se quero ou não fazer mais um pierceng ou tatoo, mas penso milhões de vezes se isso é realmente é necessário e importante no momento. E se faço, é para mim, não para agredir ou ser aceito.
E esses jovens necessitam ser aceitos pelos outros e formam essas tribos, tribos que não tem ideal ou objetivo.
Mudei sim, mas para melhor, e que esses jovens também mudem e queiram heróis de verdade para seus filhos.
E ontem quando cheguei em casa dei muitas risadas com a Marina, lembrando esses tempos, e no fim chegamos à conclusão de que só a vida e as situações irão ensinar isso para as pessoas, exatamente como aconteceu conosco. E só então se darão conta do quanto foram estúpidas. Ou não, ou continuam assim, retrógradas, e achando que serão os novos Morrison e Janis, e que morrer de over é legal.
Só sei de uma coisa, para aquele inferninho eu não volto tão cedo.

Bessos
Paty