Estranho

Foi a primeira palavra que me veio à cabeça quando eu o vi pela 1ª vez. Ele me parecia estranho, seu jeito, sua feição,e eu nunca reparei realmente nele. Agora o vendo assim de longe, com um jeito imponente e seguro de si, não consigo recordar daqueles primeiros dias em que eu o via daquele modo, mas me recordo com minúncias da sensação de alívio que senti quando ele me fez um convite. O alívio era devido a angústia que estava apertando o meu coração e me sufocava mais e mais a cada dia, como se eu estivesse em um labirinto sem saída com as paredes se comprimindo contra mim. Talvez, isso é o que eu esteja sentindo agora também, porque para ele, nada daquilo aconteceu. Nem o convite, nem aquela cerveja, nem aquele beijo, nem a minha expectativa, nem nada. NADA. Nem aqueles outros beijos dados em uma situação não muito conveniente, em um lugar menos conveniente ainda. Nem as risadas dadas devido a situação, nem aquela promessa não cumprida, nem seu comentário sobre mim. Logo, nada disso realmente aconteceu.Talvez estivesse pouco me fudendo pra td aquilo porque a ficha não tivesse caído, ou porque faltava um ponto final. Não me resta mais a expectativa daquela sexta feira, em que eu voltando do MacDonals planejei a escova que eu ia fazer no cabelo para vê-lo. A ansiedade de imaginar como seria o seu beijo e o que aconteceria depois. Mas não aconteceu NADA. Só a angústia que estava me sufocando que volta a cada dia, me apresentando uma dor diferente, e apagando os pontinhos de expectativa que são cada vez menores. Não consigo mais formular frases longas, não consigo mais ler com atenção, não consigo ansiar o amanhã e não consigo vê-lo daquele modo estranho q eu o via no começo. Talvez pq ele tenha me rejeitado, ou por orgulho ferido, mas ainda que para ele nada tenha acontecido, sempre que eu o vejo me lembro do modo como ele beija, e de como seria legal se ele se lembrasse de qualquer um daqueles momentos como eu lembro.