Lendo

Mais um dia que eu prometo pra mim mesma que vou deitar mais cedo e não consigo.
Hábito, preguiça, o café ou qualquer outra coisa não me deixaram ir pra cama, ainda que eu saiba que tenho um trabalho super importante pra fazer amanhã, além de estudar para aquela prova que me deixa tensa só de pensar em seu conteúdo.
Responsabilidades à parte, começei a ler os textos velhos, e vi quanto tempo eu dediquei a algo que não merecia. Isso merece até um aniversário, tipo, olha, hoje faz um ano que eu perco tempo falando dele.
Hoje realmente faz mais um ano, um ano de alguns que eu gasto com pensamentos estúpidos em que ele está presente. Mais um ano de vida, ou a menos também, e pra comemorar intrínsicamente resolvi apagar as velinhas da minha memória e dar uma lidinha nos textos velhos.
Quantas linhas gastas com alguém que com certeza não perdeu tempo lendo nem metade de uma inteira....acho também que é por isso que eu escrevo tanto, sei que ele nunca lerá mesmo...mais fácil o Papa ler isso um dia do que ele, que não deve ter costumes nem de ler um gibi.
Lendo coisas antigas a gente percebe o quanto amadureceu, e o quanto as idéias se metamorfosearam, o quanto tudo aquilo que eu quis foi acontecendo aos poucos e está caminhando para um lugar que tenha luz. Ainda que não pareca, cada texto é como uma velinha de aniversário soprada em que eu faço um pedido e depois quando eu leio, vejo que de algum modo ele se realizou.
Claro que coloco um drama em alguns textos pra dar um todo bonito, mas o amor não precisa de muito pra ficar belo. Ele já é na sua essência. Ele se transforma também, junto com as chamas das velas que viram fumaça.
O meu mudou de um jeito, que acho que hoje não seria capaz de escrever mais como antes...nem mais belo, nem mais simples, mas sim de um modo diferente.
Que esse texto então, seja o corte do bolo de aniversário de alguns anos, o último aniversário em que ele participa, e se despede no final, abrindo espaço a cada dia para que o meu coração fique aberto e deixe receber também, não apenas fornecer carinho e afeto.
Acho que estou no caminho certo, pelo menos com a certeza do pedido que eu tenho que fazer hj, no dia em que eu demarquei como aniversário daquele dia, que não voltará, e que espero que nunca mais se repita.
E quando ler esse texto no próximo aniversário, que eu dê muitas risadas dele, e não sinta saudades, apenas vontade de ficar lendo.
bjs
Paty

Dia Chuvoso

Detesto dias chuvosos, simplesmente porque eles me fazem sentir saudades. Saudades do nada, daquele outro dia chuvoso que estragou o meu penteado que eu demorei duas horas pra fazê-lo, porque eu sabia que ia vê-lo.
Fico me sentindo dentro de um conto do Kafka em que tudo que é muito triste é cinza, e no fim as coisas ficam claras como o sol, e o tempo lá fora se abre.
Tem pessoas que simplesmente não gostam de solidão, nem da chuva nem do frio, assim como tem pessoas que difundem essas três coisas. E eu sou uma dessas pessoas. Gosto do calor, com alguém e no sol. Gosto de reclamar do sol, gosto de tomar sorvete, gosto de pensar no amanhã com medo e não lembrar do ontem com saudade.
Qualquer música me soa triste, e me dá saudades de pensar naquele dia em que eu estava no 24º andar vendo toda uma avenida alagada, louca pra acabar o expediente pra gente sair e tomar alguma coisa.
Não deveria existir a história, muito menos as memórias. Acho que por isso faço história, porque eu detesto tanto que preciso compreender essa nostalgia toda.
Mas os dias chuvosos têm coisas boas também...neles dá mais vontade de tomar café, de comer chocolate, de ler e mais vontade de querer aquele ombro que eu gosto tanto abraçado comigo...pensando bem...bem que esse dia chuvoso poderia se estender até amanhã, assim eu fico mais culta pq lerei mais, e vou satisfazer as minhas vontades do chocolate e do café, e claro do abraço que eu quero dar e que no frio, com essa chuva deve ser com certeza muito mais gostoso.

Feliz Páscoa,
bjs
Paty