Tempo

Todo dia eu me pergunto porque é que em todo boteco de esquina tem um relógio barato pendurado na parede. Sempre que eu estou no trânsito atrasada pra alguma coisa eu fico procurando um desses bares para ver a hora certa. Penso em comprar um relógio pra mim, mas acho que nunca compraria um, não conseguiria ficar olhando para o meu pulso de dez em dez minutos. Prefiro olhar os relógios do bar. Fico muito contente quando eu olho e descubro que ainda dá tempo. Tempo de qualquer coisa, de lembrar do passado e de planejar um futuro que provavelmente nunca chegará. Quanto ao passado, é claro que olhamos para ele de um modo errôneo, sempre com nostalgia, mas é claro que aquelas coisas não aconteceram do jeito que eu me lembro. Elas ficam muito mais especiais quando o tempo passa, e eu fico me lembrando. Até aquele cheiro me vêm a mente, mas com uma fragrância muito melhor. Costumo ter saudades de tudo, o que presta e o que não presta.
Quanto ao futuro, costumo planejá-lo em pequenas histórias, em que eu o reencontrarei e lógico sairei por cima da situação, bem empregada com duas faculdades e com um cara com o porte do Sawyer do Lost e o caráter de um cara que não existe. Afinal quem se importa com o caráter?? O que importa é que ele se sinta por baixo. Acho que isso é falta de caráter. Bom...vamos voltar ao tempo.
Detesto sentir saudades e planejar um futuro medíocre em função de um idiota. Me preocupo tanto em agredi-lo sempre, que esqueço da minha felicidade. Talvez a minha felicidade e a de todo mundo sej agredir quem a gente odeia. Ou adora.
A vantagem do tempo que corre nos relógios do boteco, é que ele cura todo o tipo de dor, te faz superar os momentos quando ele muda seus ponteiros e te faz ter uma perspectiva, que ainda que seja a de agredi-lo, te faz sorrir.
E Viva os Relógios de bar!

beijos,

Paty