E quem diria

Eu, que sempre detestei td isso, aqui sentada com um sapato que me aperta insuportávelmente o pé, as unhas bem feitas e um terninho que esconde as tatuagens e disfarça as gordurinhas. Falando repetidamente as frases super bem elaboradas "pois não" "Sim Sr." e " Não Sr.", escutando a minha mãe ser xingada diversas vezes ao dia por eles que tem mais poder que eu.
Cafézinhos, risadinhas arrogantes, gravatinhas esquisitas e sapatos horríveis agora ocupam a maior parte do meu dia que é completamente tomado por tudo isso que eu sempre detestei. Mas aprendi e aprendo a cada dia a conviver com a falsa moral e a casquinha fina da boa educação que se quebra quando uma simples pedrinha bate nela.
Convivendo tanto com esse tipo de gente, é que eu aprendi a ficar um pouco parecida com eles, e a querer as mesmas coisas, a mesma imbecilidade tomou conta de mim, que antes não me importava com nada disso. Talvez mesmo que inconsientemente isso seja o que todos nós buscamos não é mesmo??? Quer coisa melhor do que se tornar um estúpido e estara por dentro de td???
Poder falar daquele perfume caréssimo que vc comprou, daquela blusa chiquérrima, e dar aquela risadinha arrogante igualzinha a do seu chefe, que naquele momento se sentiu o dono do mundo???
Pois é, e somos sim os donos do mundo naquele instante, afinal qnd conseguimos olhar para dentro, e para nossa redoma de 1 metro e meio, nós protagonizamos todo o resto.
Acho que por isso que eu o acho tão interessante, afinal, ele eh um arrogante, não é bonito mas tem um puta charme, um perfume delicioso que toda vez que ele passa seu cheiro fica aqui. Além disso, é um puta partido, tem o carro do ano, um bom cargo, e é solteiro...ainda que ele não veja comigo o filme novo do Gael García e nem me acompanhe quando o Jamie Cullum vier ao Brasil, eu juro que suportaria as suas conversinhas fúteis sobre a MBA ( MUITO BOBO AGORA) que ele pretende fazer e o escutaria falando bem do chefinho que ele tanto ama e eu tanto detesto. Suportaria todas essas coisas pq ele me passa segurança de que ele detêm o poder quando está ao meu lado e de que é ele quem manda e dá a palavra final.
No fundo no fundo é só disso que eu preciso, de um cara exatamente como ele, que me leve pra jantar num restaurante caro pra falar das suas coisinhas fúteis, mas que pra ele são super importantes, sociável sempre com aquela risadinha medíocre estampada no rosto pra td mundo ver o quanto ele eh legal, e me faça sentir importante pra ele.
Não, ele ainda não eh esse cara, eu não sou importante pra ele, mas ele é importante pra mim por me fazer enxergar o quanto eu tb posso ser medíocre e o quão hipócrita esse ambiente me tornou, e a garotinha de 16 anos que queria ser professora, se corrompe a cada dia, e se antes para ela era legal ter um intelectual ao lado, hj a posição social é o que mais importa, e sim no final talvez eu fique decadente, neurótica e dependente de calmantes pra dormir, exatamente como as pessoas que eu tanto critiquei.
Enquanto isso eu fico aqui, aguardando um parecer dele, uma atitude, um convite, pra gente poder colocar as nossas imbecilidades em dia.

beijos

Paty

Mudanças

Finalmente ela resolveu mudar, mudar de idéias.
Percebeu que talvez ela possa aproveitar muito mais a vida ao invés de ficar pensando no que ainda não conseguiu.
Ela se deu conta que ainda tem muito mais para conhecer, muito mais para perceber.
Que tudo que ela viu da vida, não é nada comparado ao que ainda estar por vir.
Ela se deu conta de que para ter o que se quer precisa de uma base, precisa de fortalecimento. E que só aproveitando bem a vida ela vai ter tudo.
Ela viu que ainda é muito nova e que precisa realizar outros sonhos.
Resolveu que precisa trabalhar, que precisa viajar, que precisa conhecer muita gente.
Que só essas coisas farão ela ter o que ela sempre quis.
E que suas metas terão que ser realizadas.
Finalmente ela percebeu que não ter um relacionamento fixo é uma coisa maravilhosa.
Ela resolveu que no próximo carnaval tudo vai ser diferente.
Ela sabe que um dia ela terá o que agora ela resolveu deixar prá lá.

Beijos,
Má.