Outono
Nesse dia que amanheceu nublado com pessoas super bem agasalhas, saí de casa apenas com uma blusa três quartos branca. Calça pescador e um sapato preto scarpan pra dar um ar chique na roupa simples. As unhas vermelhas ainda bem feitas e um brinco barato pra dar um charme.
Foi assim que eu saí de casa pra mais um dia cheio de acontecimentos, acontecimentos que já viraram rotina e os problemas apenas mudam de nome, pois ainda são os mesmos.
Agora o sol já abriu, está calor e as pessoas aquecidas o suficiente para tirarem seus casacos postos pela manhã. Mas eu ainda sinto frio, ainda sinto aqueles arrepios contínuos que me incomodam a todo momento,e são inexplicáveis. Hoje foi a primeira vez que eu me descrevi em tanto tempo. Pouco importa para mim ultimamente os meus detalhes, o meu cheiro, a minha unha ou o meu cabelo que eu demoro tanto pra fazer. Pouco importa os meus cílios grandes e bem delineados,e o meu perfume novo. Pouco importa o gloss que tem brilho que eu comprei semana passada e deixa a boca com um destaque lindo. Pouco importa a sobrancelha bem feita, e o decote pra chamar atenção dele.
Ando esquecendo realmente quem eu sou, pra que tantos detalhes se não reparo em nenhum deles, para chamar a atenção de quem ou ao menos para que. Acho que por isso, acabo não percebendo que existem sim algumas saídas para esses arrepios que estou sentindo. A solução é simples, apenas olhar para dentro, e entrar naquele buraco vazio e fundo que ecoa todo o tempo e me faz sentir dores constantes. Dor de não sei o que.
Quem sabe assim eu não perceba a beleza das manhãs nubladas e saia vestida em homenagem ao outono, abra um sorriso e tire o casaco quando o sol sair, aquecendo o coração e a alma das pessoas normais.