Obrigada
Lá estava eu sentada, assistindo mais um episódio do viciante Dr. House no sofá da minha sala, sozinha. Minha mãe no quarto vendo um daqueles programas de fofoca que ganham audiência em cima da desgraça alheia. Escutei rapidamente alguma notícia sobre morte, mas não dei atenção, o House estava bem mais interessante do que alguma notícia sensacionalista. Minutos depois ouço minha mãe me chamar no quarto dela, justo na parte mais interesante do seriado. Dei pausa contrariada e fui até seu quarto, imaginando que aquela interrupção deveria valer muito a pena. Assim que olhei para a tela da televisão, minha boca abriu e um calafrio correu pelo meu corpo inteiro. Simplesmente não acreditei no que estava lendo, nem vendo muito menos no que eu estava sentindo. Aquilo só poderia ser mentira, logo descobririam que era um boato e tudo estaria resolvido. Fiquei imóvel por uns 10 ou 15 minutos rodando os canais pra ver se alguém mais estava falando aquele absurdo. Faltou coragem de levantar para ligar a internet e confirmar a notícia, sinceramente eu não queria que aquilo fosse verdade. Minha adolescência me veio a cabeça, e lembranças de quando eu comprava uma revista caréssima só porque ela tinha uma fotinha minúscula no canto de uma pagina falando algo sobre seu novo filme ou sua nova namorada. Era capaz de passar horas e horas olhando para seu rosto, aqueles olhos brilhantes pretos que só ele tinha e aquele cabelo que quando ficava grande deixava ele insuportavelmente mais lindo ainda. Lembrei de como eu era estúpida e feliz quando via seus filmes mais de 10 vezes porque ele quase sempre era o moçinho e me deixava sonhar um pouco. Sonhar que a vida poderia ser trágica, cômica, romanceada e ter um final feliz ao mesmo tempo, igual os seus papéis. Papéis que influenciaram a minha adolescência e agregaram na minha personalidade que é um refelxo de cada um dos meus ídolos. Ele reflete o meu lado agressivo, romântico, anti-social, sonhador, e principalmente o meu lado exagerado. Ele sempre foi assim, antagônico mesmo, dramático e escolhia a dedo cada papel que representava, porque ali ele sabia que colocaria um pouco de si, da sua personalidade sendo capaz de dar vida a uma outra pessoa que ele gostaria de ser. Eu também me identificava com os seus "outros seres representados" e conseguia perfeitamente me colocar no lugar de cada um deles, o que fazia com que eu me identificasse cada vez mais com ele. Nada mais justo do que fazer uma das coisas que eu mais gosto em sua homenagem, que é escrever. É o modo mais próximo de tentar demosntrar o que eu sentia por ele e suas 1.000 faces que me permitiram sonhar. Alguém que te desperta um sonho e vontade de viver uma vida paralela da cotidiana, sem dúvida é um ser muito especial. Especial, exagerado, intenso, agressivo, sonhador, forte e com um futuro fantástico pela frente, que por qualquer motivo estúpido não chegou. Mas seus filmes ficarão e os sonhos das pessoas permanecerão e isso é o que realmente importa, a arte. Obrigada por tudo, por fazer parte da minha adolescência, por influenciar diretamente minha vida, por cada sorriso que você me fez dar e pelas noites de sonhos com seus cabelos que mesmo sem pentear continuavam lindos. Naquela noite de terça feira, fui deitar com um vazio enorme no peito e a ficha da realidade caiu sobre mim e me fez lembrar que na vida real as pessoas morrem também, nem sempre com finais felizes.
Beijos,